O caráter transitório que marcou os primeiros tempos do período moderno é
alvo de um amplo estudo que se esforça em considerar as permanências e
transformações experimentadas neste período. A expansão marítima, o
Renascimento, a descoberta do Novo Mundo, as novas religiões
protestantes, a consolidação do poder monárquico integram uma gama de
acontecimentos complexos que irão reverberar nas diversas instâncias de
ordem social, política e econômica.
Na esfera artística, temos a ascensão de novos padrões estéticos que
procuravam superar todo aquele rigor proveniente dos princípios de
simetria e equilíbrio valorizados pelo Renascimento. Entre outras
mudanças, percebemos o surgimento de pinturas e esculturas marcadas por
formas retorcidas e tensas. A preocupação em reforçar o racionalismo e
equilibrá-lo com as emoções perde campo para uma arte mais emotiva e
cotidiana.
Foi nessa tendência que a arte barroca ganhou espaço e passou a
inaugurar um novo período na arte europeia, que já havia experimentado
dos valores estabelecidos pela renascença. Na chamada arte barroca
notamos uma preocupação menor com as formas e as linhas utilizadas na
criação de uma pintura ou escultura. A valorização das cores e a
contraposição de luzes e sombras tinham grande importância na
demonstração dos gestos e estados de espírito do homem.
Na trajetória do barroco também devemos contabilizar o papel exercido
pela Igreja, preocupada naquele momento em frear os avanços do
protestantismo e da renascença. O enfraquecimento do poder católico
promoveu a disseminação dessa arte sinuosa e dramática utilizada como
meio de reafirmação dos valores cristãos por meio de imagens que
pretendiam causar impacto semelhante ao das esculturas. Não por acaso, o
barroco nasce na Itália, centro do poder católico, e ganha igual força
entre os países ibéricos.
A história e atributos de santos e mártires católicos se viam
representados com bastante frequência na pintura, nas esculturas e
construções do período. Os elementos eram dispostos de uma maneira pouco
assimétrica, assumindo na maioria das vezes uma organização diagonal.
Paralelamente, podemos também destacar um tipo de realismo que tentava
captar situações cotidianas vividas por pessoas simples, propondo um
contraste à reprodução das autoridades monárquicas que se firmavam na
época.
Na pintura barroca podemos destacar algumas importantes obras como
“Cristo em Casa de Marta e Maria” (1578), do pintor italiano Tintoretto;
“Deposição de Cristo” (1602), de Michelangelo Merisi da Caravaggio;
“Espólio” (1579), do pintor espanhol El Greco; “A Lição de Anatomia do
Doutor Tulp” (1632), do artista holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn;
e “Moça com brinco de pérola” (1665), do pintor Johannes Vermeer.
Na escultura e na arquitetura também possuímos um grande acervo de
obras barrocas onde damos especial destaque a obras como “Êxtase de
Santa Teresa” (1645 – 1652), do escultor italiano Gian Lorenzo Bernini; a
“Igreja de Santa Maria della Pace” (1656 – 1657), projetada por Pietro
de Cortona; “San Carlo alle Quattro Fontane”, do construtor italiano
Francesco Borromini.
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